terça-feira, 19 de junho de 2012

O Cavaleiro: a sua honra, sua verdade e sua espada emergindo do fundo de uma xícara de café.


As imagens simbólicas que são desenhadas pela borra de café sempre nos surpreendem, nos emocionam e nos ensinam.
Muitas das imagens que surgem do fundo de uma xícara de café, tem relação com encarnações anteriores, com outras vidas como se diz, ao meu entender, erroneamente já que a vida é uma, e as encarnações são muitas!
Ao longo dessas encarnações vamos aprimorando as qualidades da nossa alma, cada encarnação vai “polindo” essas qualidades, fazendo-nos subir mais um degrau na escala evolutiva. È o nosso Dharma, nosso melhor em cada encarnação.
Desde o fundo de uma xícara de café, onde o centro é o ponto de partida do ser humano, é a espiritualidade, é o ponto de conexão com energias sutis, é a ligação com o divino, um cavalheiro forte, com capa e espada emerge como querendo até sair e se materializar desde aquele centro!


Esta figura faz parte das figuras únicas que nem sempre aparecem e que preenchem um espaço infinito com a sua mensagem.
Assim que o vi pensei em um dos mosqueteiros personagem de Alexandre Dumas, o herói que luta incansavelmente por uma causa e que encantou gerações de crianças e adultos desde o século XVII.
Depois também relacionei a imagem com os desbravadores, pioneiros cuja valentia, empenho e dignidade os levavam e levam a se comprometer de corpo e alma com uma causa.
E assim analisando e olhando cada detalhe deste cavalheiro, a imagem dos cavaleiros templários falou mais alto.
Era a época das cruzadas quando estes cavaleiros aparecem na historia com uma idéia totalmente humanitária: cuidar a via de peregrinação, os peregrinos, que ia de Jafa até Jerusalém. Nesta via encontrava-se um templo, no mesmo lugar onde séculos antes se encontrava o Templo de Salomão.
 A primeira grande missão destes cavaleiros (tal vez a única e verdadeira) era encontrar algo de muito valor que foi perdido, como símbolo da eterna procura da verdade, da Sabedoria, do Conhecimento e da perfeição do homem: o Santo Graal, o cálice guardado por José de Arimateia e que continha o sangue de Cristo. Nessa busca, lutas, perseguições, acusações e um longo caminho de peregrinagem e paixão fez destes cavalheiros a sua forma de vida. Falar na mitologia templaria é aprender com os seus arquétipos, nos leva a entender sobre a necessidade de enfrentar as provas, os desafios que cada peregrino (ser humano) tem no seu caminho e esse entendimento só poderá vir trilhando um caminho de luz, que é a luz do conhecimento.
O Cavaleiro da xícara é um cavaleiro templário, buscador constante da verdade, peregrino incansável da vida, fiel a seus princípios, orgulhosos do seu código de honra.
Erguido com sua espada enfrenta os desafios, não se cansa, e caso caia em alguma batalha, a sua força o faz levantar uma e mil vezes para continuar ainda lutando pela sua verdade. Este cavaleiro, já não é um iniciado, é o cuidador do Graal, o merecedor do Graal, porque com certeza e mesmo não tenha percebido, já o possui em suas mãos: ele já vibra a Luz do Conhecimento.



Todas as características destes nobres cavaleiros estão presentes nesta simples xícara de café. A paixão mostrada em cada linha ondulante, a emoção afirmada em essas linhas ondulantes e os elementos na sua mão, o tornam o mago, o mestre e o eterno cavaleiro de uma ordem que jamais irá se extinguir: a ordem onde predomina a virtude dos justos. Onde houver vozes chamando, ali o templário estará. Onde estiverem os necessitados, o templário levará a sua generosidade. E aquele que é um templário sempre será um soldado de Deus e um guerreiro da luz.
Poder falar sobre o cavaleiro do Graal, foi para mim, uma honra e uma emoção muito grande.
Levantemos nossos emblemas e nossas espadas flamejantes e vamos enfrente, sem nada a temer, acompanhados da divisa eterna:

Non nobis domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam” (“Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Gloria do teu nome”).


Esta xícara de café foi aberta para a Radio Arcano XXI do facebook, no dia 15 de junho de 2012, cujo responsável é Rubens Lacerda, o cavaleiro templário.
                                                         Mirta Herrera Camerini









quinta-feira, 14 de junho de 2012

A dança dos dervixes numa xícara de chá

Conta a historia dos oráculos que a leitura da borra de café se originou da leitura das folhas de chá. Lembremos que o cha se originou na China há mais de 5000 anos! E na Índia já se liam as folhas de chá muito antes do aparecimento de café na historia. Uma lenda chinesa diz que no ano de 2737 AC, o imperador Sheng Nung descansava sob uma árvore quando algumas folhas caíram em uma vasilha de água que seus servos ferviam para beber. Atraído pelo aroma, Sheng Nung provou o líquido e gostou muito dele. Assim nascia o chá. Esta lenda refere-se á infusão de chá verde proveniente da planta Camellia Sinensis, originaria tanto da China quanto da Índia. No século VIII, na China, durante a dinastia Tang, definiu-se o papel da China como responsável pela introdução do chá no mundo. Posteriormente o povo japonês incorporou o chá ao seu dia a dia, por médio de uma das mais belas cerimônias orientais: a cerimônia do chá. Esta cerimônia está baseada em quatro princípios: harmonia, respeito, pureza e tranqüilidade. Assim como o café é nossa companhia diária, o café moído á turca é especial e tradicionalmente se utiliza para ler a borra de café. O chá preto também faz parte do dia a dia do povo turco e tem um sabor intenso e forte. Em qualquer lugar e a qualquer hora é muito bom beber um chá preto! È servido em copos pequenos em forma de tulipa símbolo da Turquia. Para fazer o chá turco se utiliza um equipamento chamado çaydanlik, que são duas chaleiras sobrepostas. Coloca-se água na chaleira de baixo e uma colher de chá (dependendo do número de pessoas que vão beber) na chaleira de cima. Deixa-se ferver a água e logo se incorpora a água bem quente á chaleira de cima onde está o chá. Já para fazer um bom café turco, se utiliza uma jarra, chamada cevze. Na leitura das folhas de chá, não podemos usar copos, já que como eles são transparentes, não poderíamos visualizar de forma clara as imagens. Utilizamos uma xícara, também em forma de tulipa ou com formato de flor de lótus, de cerâmica branca. As imagens deixadas pelas folhas de chá são mais abertas, e muitas vezes poucos símbolos aparecem nela. Pessoalmente leio como mensagem, buscando apenas um símbolo, aquele que tenha mais destaque, aquele que inspire a minha intuição. Buscando esse símbolo tive a alegria de encontrar nas folhas de chá, um dançarino. Ao principio ele me lembrou á Kaldi, o pastor que descobriu o café, com sua cabra dançante. Logo lembrei dos dervixes e a sua dança. Mas o que significaria esta imagem simbólica? A dança dos dervixes alcança seu ponto máximo quando começam a girar, assim que entendi que aquilo que preocupava ao meu marido, ainda tinha um tempo para ser resolvido (ele tinha bebido o chá). Ainda muitos passos deveriam ser dados, com harmonia, com alegria, sem tanta tensão, e melhor! O seu objetivo será alcançado porque ele está preparado para ir enfrente e seu espírito será preenchido com uma energia especial, porque ele quer, se preparou para isso e está no seu merecimento. A dança dos dervixes é toda uma jornada espiritual Depois da morte de Mawlana Mohammed Jalalud-in, poeta muçulmano, jurista, teólogo, sufi místico, também conhecido com o nome de Rumi, seu filho o Sultão Valad fundou a mais de 700 anos atrás a seita Mevlana cuja filosofia esta baseada na procura do bem em qualquer uma das suas manifestações por isso estão contra a escravidão. No sentido místico a cerimônia de Mevlana simboliza o divino, o amor e a paixão, a maturidade espiritual e o caminho da união com a verdade divina. Estas danças podem ser vistas durante o Festival Anual de Mevlana, que acontece em dezembro. Todas as pequenas e grandes coisas fazem parte da criação: os átomos e os seus elementos, o Sistema Solar e seus componentes, e também o sangue que circula pelas nossas veias. Com um nível de conhecimento, de inteligência e com a alma que diferencia os seres humanos do resto das criaturas, o homem pode participar de forma consciente desta experiência e assim aproximar-se ao amor divino e a união com todo o Universo. A Sema ( dança “de pião”ou dança do rodopio) é uma viagem espiritual de amor e de encontro com a verdade divina. A alma une-se a Deus e volta para uma vida de amor e utiliza esse amor de forma humanitária. A cerimônia de Mevlana é um ritual que representa a união com Deus. Os dervixes mostram a sua dança atualmente no Centro Cultural de Hodjapasha, três vezes por semana com uma hora de duração. A cerimônia começa com a leitura do Al Koran e há uma entrada dos dervixes na mesquita. È então que eles tiram a sua túnica externa preta e revelam a roupa branca que esta por debaixo. Isto tem um simbolismo: libertar-se de tudo aquilo que os conecta com o mundo material. Um a um se aproximam do líder com os braços ao redor do peito, inclinam-se beijam a mão do líder e começam a girar. A música tem uma repetição frenética e os dervixes giram aproximadamente por dez minutos. Esta seqüência se repete por quatro vezes. Quando giram, uma mão aponta para o céu e a outra para á terra, simbolizando a benza que o céu outorga na terra. Assim os dervixes ao som das flautas de cana, ensinam por médio da sua dança como o corpo pode estar em harmonia com o Universo e assim é uma forma de unir-se a Deus. Seja por médio das folhas de chá ou por médio da borra de café, imagens que se formam nas paredes de uma xícara sempre deixarão uma mensagem especial, uma energia especial. Te a próxima! Mirta Herrera Camerini